O Alumioso

11/03/2009 § 1 Comentário

o alumioso

Dias atrás eu comentei sobre um trabalho que eu tinha feito (a arte do álbum O Alumioso), lembram? Pois bem, hoje vou escrever um pouco sobre o show e sobre o álbum. Não é só porque fui eu quem fez a arte que eu vou falar bem, vejam bem. O disco é de música instrumental regional, aparentemente, coisas que não me atraem muito, mas pelo envolvimento ao realizar o trabalho e principalmente depois do show eu fiquei fã desse cara!

A música de Di Freitas não é apenas música regional, dizer isso é diminuir a luz desse som. O vioncelista de formação e luthier, ao incorporar elementos do nordeste e retratar o ambiente árido, ultrapassa o regional para fazer uma música que chega onde tem que chegar: dentro de nós. E faz isso com força e convicção, de um modo tão belo que encanta. Há também outras influências, como uma reminiscência árabe e erudita, afinal ele estudou a música erudita antes de chegar onde chegou. Outro diferencial é o fato dele próprio construir seus instrumentos, com elementos inusitados: cabaças secas. Com isso ele atinge sonoridades tão particulares, que por si só já deveriam despertar nosso interesse.

Cada faixa percorre uma linha invisível no nosso íntimo, talvez pela influência popular, talvez pela sinceridade. Poderia escrever sobre todas as músicas, mas vou falar apenas levantar as faixas que mais me deixam boquiaberto: Segura o Coco, e sua onde quente e vibrante; Cantigas de Mouro, por sua conversa sincera com a tradição e influência moura; Vaca Estrela e Boi Fubá, do magnífico Patativa do Assaré, numa versão pungente; Memórias do Boi Mansinho, que tem a participação da cantora Juliana Amaral; e O Alumioso Caririzeiro, que pra mim resume tudo e agrega novas sensações, é a emoção forte e constante.

No show tudo o que eu falei ficou em muito mais evidência, e a música que já é fantástica no disco ganhou amplitude digna, quase ritualística, envolvendo, chamando e despertando novas idéias, sensações, sentimentos. A participação de Juliana Amaral também foi intensa, principalmente quando cantou Flor de Algodão, Vaca Estrela e Boi Fubá e Viola Quebrada, do escritor Mário de Andrade, que não está no cd, mas quem sabe numa próxima, né?

Em sumo, foi um grande bom começo de experiências na música instrumental brasileira, tão rica, tão complexa, tão simples, tão sincera.

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Álbum: O Alumioso
Artista: Di Freitas
Ano: 2009

Faixas:
1. Juazeiro
2. A Transfiguração do Alumioso
3. Segura o Coco
4. Cantigas de Mouro
5. Manduri, Jati, Cupira
6. Salsa com Baião
7. A Dança do Rei Negro
8. Descendo a Serra
9. Vaca Estrela e Boi Fubá
10. A Estranha Cavalgada
11. Lavras de Mangabeira
12. Flor de Algodão
13. Memórias do Boi Mansinho
14. O Alumioso Caririzeiro

P.S.: Quem tiver interesse, Di Freitas vai realizar um show de graça no SESC Avenida Paulista, no dia 17/3, às 19h. Mas tem que retirar o ingresso com uma hora de antecedência, ok? Mais informações, clique aqui!

P.S.(2): Aqui no site do SESC, tem mais informações sobre o álbum e um vídeo de uma apresentação do Di Freitas, onde ele toca a música Salsa com Baião!

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